SOBRE AS VOZES EM MINHA CABEÇA

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Anderson: - O meu partido é o Brasil! Sofia: - O meu não, aliás isto é o lema do atual governo.
Anderson: - Como assim, então, você não ama o seu país? Sofia: - Ao contrário, amo o mais do que quem diz: "O meu partido é o Brasil".
Jair: Pfzzzz! Anderson: - Estou confuso, ou melhor, você me deixa confuso. Sofia: - Pois bem, vamos acabar com esta discussão. É uma ilusão da sua parte achar que todos dentro deste pais querem a mesma coisa.
Anderson: - Ué, mas não querem?
Sofia: - Claro que não. O grande fazendeiro quer mais terras, ao mesmo, tempo que deseja que quem não tem terra continue sem ela. O patrão quer mais dinheiro, mas acredita que só o terá diminuindo o seu salário de trabalhador.
Anderson: - Ah, mas aí você está certa, ainda que não tenha entendido o que isto tem a ver com a fala "O meu Partido é o Brasil'.
Jair: Certa nada. Se não tem terra que vá trabalhar. Se quer ganhar um salário maior que trabalhe mais.
Sofia: Pronto, chegou o demente, sempre querendo mudar a pauta da discussão pra não se chegar em conclusão alguma.
Julia: Tá Sofia, mas você não pode ignorar a fala do Jair, tem que dar uma resposta a isto, até antes de continuar falando do assunto que tratava.
Sofia: César, você é dono de Terra?
Jair: Odeio MST, MTST, tudo invasor!
Sofia: Pare de gritar, imbecil! Responde o que eu te perguntei. Vou fazer outra importante: Você é dono de uma grande empresa bilionária?
Jair: Tem mais é que meter bala neles todos. Isto é uma vergonha!
Sofia: Tá vendo Anderson. Temos na prática uma resposta pra sua pergunta. As pessoas querem cada uma um País. Umas querem assassinar quem nada possui. Outras querem lutar para que aquelas pessoas que nada possuem, possam ter o necessário pra sobreviver.
Sob os gritos do seu colega destemperado Julia dirigiu-se a Anderson, não sem antes aumentar a voz até que superasse em tom as bravatas de Jair.
Julia: - Anderson, a Sofia quis dizer que o Brasil está partido. Cada classe no país tem o seu interesse e o país que uma classe quer é diferente do país que a outra classe quer.
Jair continua a espumar e gritar: - Quem dividiu o país foi o PT!
Sofia responde cheia de ironia: - Claro seu demente. Porque quando Brasil era Colônia os brancos portugueses eram super amigos dos africanos e indígenas escravizados! Dormiam em suítes chamadas Senzalas e trabalhavam cheios de prazer sob chicotadas!
Jair tenta dar continuidade aos impropérios, mas Anderson o interrompe com o semblante fechado: - Cala a boca, mano.
Julia: - Então, Anderson, você disse que para se ter coisas basta trabalhar. Todos sabemos que você é de família pobre, negra e trabalhadora. Você mesmo se divide entre os estudos e a fábrica. Quer dizer, então, que seus pais não se tornaram patrões ou fazendeiros por que trabalharam pouco?
A crença de Anderson se estilhaça e a cabeça pesa como se tentasse entender o que os fragmentos dos minutos anteriores eram. Após o fracasso da tentativa de montá-los só lhe resta a seguinte fala.
Anderson: - Eu não conheço ninguém que tenha trabalhado mais do que os meus pais e nada temos além da refeição de todo dia.

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