Olá queridos alunos e alunas. Segue abaixo um pequeníssimo texto baseado nas exposições que tenho feito em aula. Bom proveito e espero que os ajude a ter uma maior compreensão do tema. ;)
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Industrialização no Brasil
A Industrialização no Brasil só foi possível, antes de qualquer coisa,
por que havia capital disponível para se investir em tal atividade.
Esta grande oferta de Capital de investimento foi proporcionada pelo
sucesso da atividade do Café, a partir da segunda metade do século XIX.
O Estado de São Paulo, por ser o maior produtor do Brasil, investirá
um grande volume de capital na cidade de São Paulo.
Por sua vez, a cidade do Rio de Janeiro se industrializa
principalmente com o capital do governo Federal. Belo Horizonte, outro grande
pólo industrial que se formara nas primeiras décadas do século XX, contou
também com investimentos que se originaram nas atividades realizadas no campo.
As conseqüências Sociais do
surgimento da atividade Industrial no Brasil
Com o surgimento da atividade industrial observamos o surgimento de
novas classes sociais, nos casos: 1) a Burguesia Industrial; 2) o Operariado.
Cada classe social possui
interesses específicos
Toda nova classe social traz um novo dinamismo à sociedade a qual
pertence, pois cada classe social possui interesses que lhes são bem
específicos e contraditórios aos interesses que acabam prevalecendo na
sociedade na qual surgem.
Por exemplo, a burguesia
industrial está interessada em receber maior atenção do Estado Republicano
Brasileiro. O tipo de atenção que ela espera receber, por exemplo, era: 1)
diminuição de impostos; 2) maiores tarifas alfandegárias para os produtos
importados; 3) crédito para investimento em novas tecnologias de produção; 4)
impedir ou limitar os direitos trabalhistas, etc.
Por sua vez, o operariado
está interessado também em receber maior atenção do Estado Republicano
Brasileiro. No entanto, os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras são
profundamente diferentes dos interesses da burguesia industrial. Por exemplo,
os(as) trabalhadores(as) esperam: 1) terem direitos assegurados por Leis
Trabalhistas; 2) receber melhores salários; 3) serem atendido por políticas
públicas; 4) viver em situação de dignidade, etc.
Conflito entre as classes
sociais tradicionais e as novas classes sociais
Uma República controlada pelos
fazendeiros só realiza politicamente os interesses dos fazendeiros
A Primeira República no Brasil (1889 – 1930) era governada pelas
elites agrárias do país, principalmente as elites de São Paulo e Minas Gerais.
A origem do poder destas elites pode ser entendida, em São Paulo, pelo volume
de capital gerado pela economia paulista. Já no caso de Minas Gerais, além de
possuir uma grande economia era também o Estado Brasileiro com o maior número
de eleitores(as) aptos(as) a votarem.
Ambas as elites acordaram no Pacto de Ouro Fino em 1913 a alternância
à frente do executivo federal (presidência), lançando, assim, ora a candidatura
de um presidente mineiro, ora a candidatura de um presidente paulista. Por este
motivo a Primeira República é também chamada de República do Café com Leite.
Para que sempre fossem eleitos membros ou da elite paulista ou da
elite mineira de forma programada, era necessário que houvesse um instrumento
que viabilizasse tais eleições.
O instrumento, que, por sua vez, viabilizava a previsibilidade no
processo de eleição para as diversas esferas de poder (federal, estadual e
municipal) começava com o Voto Aberto, característica
prevista pela Constituição de 1891.
Dizendo de outra maneira, quando uma pessoa, no caso, um homem (já que
as mulheres estavam excluídas pela lei de participarem de eleições pela
Constituição de 1891) maior de 21 anos e alfabetizado ia as urnas votar, havia
uma maneira dos candidatos saberem a identidade daquele que votou.
Como as elites agrárias estaduais mais poderosas, desde o Período
Regencial (1831 – 1840) tinham todos os meios repressivos para coagirem e violentarem os cidadãos e
cidadãs na Primeira República (não custa lembrar que a chefia da Guarda
Nacional era responsabilidade de “Coronéis” brancos, donos de terras ex-donos
de escravos) o eleitorado era
pressionado, sob ameaças diversas, a votarem nos candidatos que as elites
regionais esperavam serem eleitos. (Esta forma de se pressionar ficou
conhecida na história como Coronelismo)
Com uma eleição teatralizada, as elites agrárias conseguiram controlar
o Estado Republicano brasileiro de 1889 à 1930, realizando com exclusividade os
seus interesses particulares. Para agravar ainda mais a situação tal elite
cultivava um sentimento de profundo
preconceito e ódio em relação a maior parte da população que governava,
considerando-a degenerada segundo os valores
eugênicos tão em voga na época.
O evento mais claro onde um
Estado controlado por uma classe social realiza de forma privilegiada somente
os seus interesses, pode também ser encontrado na assinatura do Convênio de Taubaté. No mesmo o Estado
Republicano brasileiro usaria o patrimônio público (construído através da
cobrança de impostos de todos os cidadãos e cidadãs) para comprar o café dos
fazendeiros produtores de café quando o preço do produto caísse demais. Após a
compra o Estado Brasileiro ou estocava o grão ou o destruía. O motivo da compra
era: 1) diminuir a oferta de café para aumentar o seu preço; e 2) desviar
dinheiro público para custear os prejuízos dos cafeicultores.
Se os Fazendeiros só usam o
Estado para tomarem decisões favoráveis aos seus interesses, os excluídos
reagem
- Para a classe trabalhadora
urbana ou camponesa
Não haviam possibilidades de mudanças sociais promovidas pelos Estado
Republicano entre os anos de 1889 e 1930.
Vejamos, então, por que:
A mudança através das urnas era
impossível de ser realizada porque as eleições eram: 1) restritas: somente
os homens de 21 anos e alfabetizados participavam das eleições. Logo, a maior
parte da população estava amplamente excluída de qualquer tipo de participação
política através das urnas; 2) previsíveis: com o voto aberto e a coação das
elites locais para que o eleitorado votasse nos candidatos que desejavam, os
mesmos grupos elegiam se sempre aos cargos do executivo e legislativo. Logo,
não haviam possibilidades de mudanças se as pessoas eleitas eram sempre as
mesmas.
Com uma elite agrária
profundamente racista as camadas populares eram tratadas de forma desumana pelo
Estado. A frase do presidente Washington Luís é emblemática, neste aspecto
e sintetiza a forma como o poder público tratava as questões sociais na
Primeira República: “A questão social é uma questão de polícia”. Deste modo, as
Revoltas eram muito comuns dentro do período, tendo em vista o fato de não
haver nenhum canal de diálogo entre o poder público e a população mais pobre.
Deste modo, não havia outra possibilidade de cobrar mudanças básicas
junto ao Estado Republicano, senão partindo para uma forma de manifestação mais
radical.
É costume agrupar as manifestações populares ocorridas na Primeira
República (1889-1930) em 4 tópicos:
1) Messianismo: A Revolta de Canudos e a Guerra do Contestado são os exemplos de
maior destaque quando se fala da luta camponesa.
2) Banditismo: O Cangaço e o Bando do Lampião são os maiores exemplos deste eixo.
3) Tenentismo: Revolta 13 do
Forte de Copacabana, Revolta da
Chibata e Coluna Prestes-Miguel
Costa (marchou por todo o interior do Brasil) são os maiores exemplos de
revoltas organizadas por oficiais de baixa patente ligados às forças militares
brasileiras.
4) Manifestações Urbanas: As
lutas operários (realização de Congressos, Greves e a Fundação do PCB), tal
como, a Revolta da Vacina são
exemplos comumente citados quando se trata de lutas populares organizadas no
espaço urbano.
Autoria: Alek Sander de Carvalho
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