Estudo da revista Nature liga os seres humanos a mudança climática

Com a palavra o Professor!

Há um grande debate científico entre especialistas em clima sobre a participação dos seres humanos nas mudanças climáticas. De um lado, aparece um grupo bem parcial de cientistas financiado pelas grandes corporações se que se posiciona de maneira complicada em relação ao tema, seja para negar a interferência da ação humana na mudança climática, seja para criar através do marketing do "caos" um sentimento de necessidade nas pessoas que as orientem para o consumo.

Por outro lado, há profissionais sérios que tratam do tema e consideram o aquecimento planetário um fenômeno que não é global, mas sim local. Noutro sentido, há um outro grupo que aponta também com seriedade a possibilidade do aquecimento ser sim global.

Enfim, em meio ao debate vamos tomar nota da notícia publicada na revista Nature sobre a confirmação da ação humana nas mudanças climáticas.

O que eu desejo também que vocês prestem atenção, é que todos os danos ao meio ambiente são socializados para todas as pessoas do globo. Por sua vez, as grandes corporações multinacionais e os Estados nacionais (países) não são responsabilizados pela forma irresponsável e descompromissada que veêm tratando a questão ambiental. Isto fica muito evidente nas notícias divulgadas pelos mais variados veículos de comunicação.


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Estudos ligam ação humana a aumento da intensidade de chuvas

Artigos foram publicados na britânica 'Nature'.
Pesquisa relaciona eventos extremos com efeito estufa.

Do G1, com informações de agências
O aquecimento global provocado por atividades humanas aumentou a intensidade das chuvas ao longo da última metade do século XX, apontam dois estudos publicados nesta quarta-feira (16) pela revista científica britânica “Nature”.

"Os dois estudos demonstraram que um impacto humano sobre a intensificação das chuvas e inundações associadas já é detectável ", disse Richard Allan, do departamento de meteorologia da Universidade de Reading, na Grã-Bretanha.



Modelos de computador já previram há muito tempo que o aumento das concentrações de gases causadores do efeito estufa aumentaria os episódios de temporais. Mas até agora, o vínculo estabelecido era amplamente teórico.

"O artigo fornece a primeira evidência específica de que este é realmente o caso", disse Francis Zwiers, pesquisador da Universidade de Victoria, no Canadá, e coautor de um dos estudos.

"Os humanos influenciam a intensidade das chuvas extremas", disse o cientista a jornalistas em uma coletiva por telefone.

Comprovar o papel da atividade humana em eventos extremos como fortes chuvas, nevascas e inundações é importante para influenciar as políticas de redução de emissão de gases-estufa e de investimentos na adaptação às mudanças climáticas.

Precipitações
Dados reunidos entre 1951 e 2000 em Europa, Ásia e América do Norte demonstram que, em média, a precipitação mais extrema em 24 horas de um dado ano - seja chuva, neve ou granizo - aumentou de intensidade nos últimos 50 anos do século XX.

Quando este pico mensurável foi comparado com mudanças simuladas por modelos climáticos, a marca da influência humana nos padrões climáticos da Terra se tornou inquestionável, disse Zwiers.

"A mudança observada não pode ser explicada por flutuações naturais e internas do sistema climático sozinho", acrescentou.

Segundo ele, o estopim principal foi, simplesmente, uma concentração maior de água no ar. "Em um mundo mais quente, a atmosfera tem maior capacidade de reter umidade", explicou.

Lugares mais secos
Isto não significa necessariamente que em um lugar onde não chove muito as precipitações aumentarão, acrescentou. De fato, alguns lugares da Terra provavelmente ficarão mais secos.

Mas isto significa que quando um furacão ou uma nevasca acontece, há mais água disponível.

Mas por que demorou tanto para que os cientistas começassem a estabelecer conexões sólidas entre o aquecimento global e eventos climáticos extremos? Uma razão é que só nas últimas décadas a concentração de gases capazes de reter calor ficou mais óbvia.

"Consideramos cada vez mais fácil detectar este indício nas observações", declarou Zwiers.

Redes sociais
No segundo estudo, que procurou descobrir a atuação do aquecimento global do outono mais úmido já registrado na Inglaterra, no ano 2000, um grupo de cientistas, chefiado por Myles Allen, da Universidade de Oxford, contou com o poder das redes sociais na internet.

Os pesquisadores compararam dois modelos climáticos, um baseado em dados climáticos históricos detalhados e outro em um outono de 2000 "paralelo", simulando condições sem os gases estufa emitidos no século XX.

Eles descobriram que o aquecimento global teria dobrado a possibilidade de tal evento ocorrer.

"Para realmente detectar a diferença entre estes dois mundos, tivemos que repetir esta simulação milhares de vezes", explicou o chefe das pesquisas, Pardeep Pall, que iniciou o projeto quando ainda era estudante da graduação, em 2003.

"Nós pedimos que as pessoas ao redor do mundo rodassem as simulações para nós em seus próprios computadores, usando seu tempo livre", acrescentou.

Com base nos resultados deste estudo, o departamento britânico responsável pelo clima está desenvolvendo ferramentas para medir a influência humana em eventos climáticos futuros.

"Este tipo de estudo vai nos permitir quantificar como as mudanças climáticas estão afetando as pessoas agora de forma que deixe de ser uma projeção hipotética no futuro", disse Allen.

A ferramenta também seria útil, afirmou, para legitimar as demandas de países em desenvolvimento que queiram se candidatar a receber as centenas de bilhões de dólares destinados a medidas de adaptação para as mudanças climáticas.

Pessoas interessadas em emprestar a potência de seus computadores para impulsionar o projeto podem obter informações no site climateprediction.net, que atualmente é realizado com a ajuda de 50 a 60 mil computadores pessoais.

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