Aula 2: "Pré-História" (material extra)

Bom, queridos alunos e alunas e demais pessoas interessadas, é como eu sempre digo, principalmente para quem convive comigo: - Só conseguimos contar uma história se há um vestígio que nos possibilite contá-la, afinal, não haveria como se contar uma história sobre as pirâmides do Egito se as mesmas não existissem (ou se não houvesse algum tipo de registro que em alguma época as mesmas existiram).

Em outras palavras, não há história sem vestígios. Chamo de vestígio tudo aquilo que de alguma maneira sobreviveu a passagem do tempo e foi resultado da ação humana, praticada em época qualquer. Estes vestígios podem ser materiais (objetos produzidos pelos seres humanos, livros, quadros de pintura, etc), culturais (gestos, fala, costumes, etc) e biológicos (o rabo que perdemos, o aumento do nosso crânio, a mudança da nossa dentição).

Caminhe comigo e veja como o "vestígio histórico" é importante para os detetives do passado (historiadores, arqueólogos, sociólogos, filósofos, etc):

Se estivermos andando na praia e deixarmos as marcas de nossa caminhada na areia e a mesma resistir as intemperes do clima (vento, chuva, insolação) alguma pessoa lá no futuro, com interesse no passado poderá dizer: - Opa, alguém caminhou nesta praia.

Por sua sua vez, se as ondas apagarem as pegadas que deixamos na areia, o registro das nossas pegadas desaparecerão e o historiador lá do futuro não poderá dizer com segurança que alguém chegou a caminhar na praia.

Deste modo, sem o "vestígio" a história passa a ser um trabalho exclusivo da imaginação, da fantasia.

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Abaixo veremos, então, diversos "vestígios" materiais (concretos: com volume, peso, forma, possíveis de serem tateados e visualizados). Todos eles foram resultados de algum tipo de ação humana sobre alguma "matéria prima" na natureza. E todos estes objetos podem nos dizer muitas coisas, desde que nós sabemos quais as perguntas certas que temos de fazer aos mesmos. Mas antes de os vermos vamos praticar esta coisa gostosa que é: P E N S A R.

Bom, abaixo temos a fotografia de uma árvore, tirada pelo vosso professor, aqui mesmo no Bairro de Jardim Vila Formosa, no segundo semestre de 2008. Como todos vocês sabem a árvore é um organismo vivo que depende de água, luz e sol para poder sobreviver.

Foto: Alek Sander de Carvalho | 2008.

No entanto, os seres humanos das mais variadas épocas utilizam este organismo vivo como matéria prima para produzirem os mais variados instrumentos. Se vocês se lembram bem, eu chamo basicamente de instrumento tudo aquilo que é criado para facilitar o desenvolvimento de uma atividade. Você usa vários destes instrumentos em seu dia a dia, tais como, a cadeira a qual senta, a mesa sobre a qual se alimenta, o lápis que coloca entre os seus dedos. etc.


Fonte: http://static.freepik.com/fotos-gratis/lapis-de-cor-desenho-textura-texturas_3311582.jpg

Enfim, antes que você pergunte o que é que eu estou querendo dizer, já adianto. Em um sítio arqueológico, por exemplo, o arqueólogo (um detetive do passado, tal como, o historiador) irá muitas vezes revolver o solo em busca de vestígios que alguma civilização do passado possa ter deixado.

Neste trabalho intenso de revolver o solo para encontrar vestígios, ele encontrará muitos materiais. Mas não são todos os materiais que lhe interessarão, pois dentre eles haverão aqueles, cuja as formas foram produzidas por diversas situações e condições naturais (tal como a árvore, ou os seus galhos, a forma das rochas, de uma montanha, etc) e outras cuja a forma só foi possível graças a ação humana aplicada em forma de técnica sobre algum elemento natural.

É, por isso, que, por exemplo, para poder diferenciar uma ponta de lança de pedra lascada de uma pedra comum, o arqueólogo tenta resgatar o conhecimento técnico para produzir uma ponta de lança de pedra lascada, pois reproduzindo a técnica ele consegue diferenciar aquilo que foi transformado pela ação humana, daquilo que possui uma forma produzida pelas intemperes da natureza.

Conclusão
Enfim, quando comparamos o lápis com a árvore, notamos claramente que o primeiro foi resultado da ação humana. Ora pois, e isto é tão óbvio quanto como saber que uma árvore não se transforma em lápis sozinha. Mas mais do que a ação humana há a aplicação de uma técnica.

Podemos chamar de técnica, basicamente, a forma como os seres humanos produziam ou produzem os seus objetos. Toda técnica é o resultado do acúmulo de conhecimento que é transmitido culturalmente dos seres humanos mais idosos para os mais jovens. Quando a transmissão cultural se encerra e não passa de geração a geração, perde se o conhecimento técnico para se desenvolver alguma atividade, como, por exemplo, a construção das pirâmides egípcias que intrigam estudiosos até hoje.

O conhecimento técnico permite a cada civilização produzir instrumentos muito peculiares. É por isso que toda pessoa que pretenda investigar o passado remoto deve ter o conhecimento suficiente para saber que aquilo que aos olhos de um leigo se parece com uma pedra, é na verdade um osso, uma ponta de flecha ou um cortador.

Ou melhor em outras palavras, que aquilo encontrado futuramente em um sítio arqueológico não é um fino galho de árvore, mas sim um lápis (embora madeira seja um vestígio raro de se ser encontrado quando a sua datação é muito antiga).

Autoria do texto: Alek Sander de Carvalho
A reprodução para fins comerciais é terminantemente proibida.

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As imagens abaixo foram retiradas dos mais variados sítios. Peço desculpas a todos por ter perdido a fonte das quais as tirei, dado que, perdi recentemente o meu antigo hard disk.

1º imagem: Machados, foices e "mós"; 2º imagem: ferramentas de pedra polida.

1º imagem: cortadores; 2º imagem: pontas de flecha encontradas em Socorro/SP.

1º imagem: pontas de lança de pedra lascada; 2º imagem: Pinturas rupestres Tassili n'Ajjer, Argélia.

Imagens 1 e 2: Pinturas rupestres Tassili n'Ajjer, Argélia.

Imagens 1 e 2: Pinturas rupestres Tassili n'Ajjer, Argélia.

Imagem: representação de agulhas e anzóis feitas de ossos para pesca.

Imagens: Pinturas rupestres Game Pass Shelter, Kwazulu, Natal, África do Sul

Imagem: Pinturas rupestres Goiás. foto de Irmhild Wurst

As 4 imagens acima são do sítio arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, no estado do Piauí (Brasil). Fonte: http://www.fumdham.org.br/pinturas_rupestres.html

Pinturas rupestres encontradas na cidade de Piraí do Sul, no estado do Paraná. Fonte: http://www.os-caminhantes.com/

Pintura rupestre em Carrancas (Serra da Mantiqueira), estado de Minas Gerais.

Comentários

Unknown disse…
Olá,
Passei aqui para deixar nosso obrigado pela nossa citação no seu blog das pinturas rupestres de Piraí do Sul.
Bom saber que nossas fotos são utilizadas para fins educativos também.
Um grande abraço e belo trabalho!
Marcia