O forro que esqueceu o berço

 Belmonte em precisa leitura sobre um Golpe orquestrado através de uma mentira.

O pior tolo é o forro que acredita piamente, após a compra da liberdade, que perdeu cor e berço.

A compra de um par de sapatos é simbólica e faz o tolo regozijar-se, afinal em seu pensamento o gasto com o mínimo adereço, negado por crueldade pela classe dominante como elemento de distinção social, restitui-lhe a cidadania roubada imediatamente após o parto ainda na senzala.


O forro que é tolo, após a dura liberdade comprada no massacre diário da sua vida na lida e de abusos inumanos, regozija-se também em conta das suas pequenas aquisições, todas representativas, não dos comportamentos e usos da Senzala, mas sim da Casa Grande.

Deste modo, com aquisições custeadas por tempo de vida, quase integralmente dedicada ao trabalho e ao acúmulo de fortuna na Casa Grande, o forro que é tolo, acredita-se próximo, cada vez mais, da convivência e aceitação nos circuitos frequentados pela Casa Grande na proporção dos signos que compra.

Ledo, engano, pois se o forro que é tolo esquece a classe da qual é parte, a Casa Grande não sofre com problemas de amnésia. Ao contrário, enquanto o forro que é tolo queima todo o tempo de sua vida para comprar mais vida, a Casa Grande conspira e formula estratégias, cada vez mais sofisticadas e eficientes de oprimir e subjugar, em benefício do próprio patrimônio e da sua prole.

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